Leishmaniose

A leishmaniose canina é uma doença parasitária e endêmica. O parasita transmissor da doença é um díptero da família dos flebótomos, cujo tamanho não supera os três milímetros, e caracteriza-se por passar despercebido. Costuma habitar em zonas rurais ou parques, com níveis importantes de umidade. Muitas vezes, os cachorros infectados não apresentam sintomas clínicos porque a doença pode demorar inclusive anos para se desenvolver. É por isso que calcular a porcentagem exata de cachorros infectados é muito complicado. O mais aconselhável é levar o cachorro ao veterinário de forma periódica e realizar os exames específicos neles uma vez por ano para detectar se existe ou não a presença de leishmaniose.

A cura ainda e questionável, mas existe tratamento pelo resto da vida. De maneira que, a prevenção é o mais recomendável.

      Existem vários métodos de prevenção para evitar que o cachorro contraia a doença. O primeiro deles é tentar evitar a picada do flebótomo na medida do possível. Para isso, é aconselhável colocar telas mosquiteiras, com um diâmetro consideravelmente inferior ao tamanho do mosquito, em todas as janelas ou portas. Do mesmo modo, é aconselhável impregná-las com inseticidas que contenham permetrina ou deltametrina, substâncias que repelem o flebótomo e que podem ser encontradas em produtos de uso doméstico.

É importante realçar que, neste caso o uso de óleos essenciais não evitará a entrada do mosquito e a consequente picada. O uso de inseticidas, seja em spray ou conectados à corrente elétrica, mostrou ser bem mais eficiente.

Sabendo que os flebótomos transmissores da doença saem para picar durante a noite, é recomendável evitar passear com o cachorro nesse período em zonas de risco. Do mesmo modo, se a casinha do cachorro se encontra no jardim ou em outra parte externa, deve-se borrifá-la, com inseticida.

   O uso de pipetas e colares repelentes, ainda que não impeçam 100% a picada do mosquito, são imprescindíveis para reduzir as possibilidades de que o animal seja infectado.

-Os colares têm uma eficácia de 95% e costumam durar de três a quatro meses. De modo que, após esse tempo, devem ser trocados por outro novo. É importante que entre seus componentes se encontrem a deltametrina ou a permetrina.

-Quanto às pipetas, são menos eficazes que os anteriores, mas também podem ser uma boa opção. Passadas as quatro semanas de sua aplicação, a eficácia é reduzida a 55%, de modo que é aconselhável aplicar outra pipeta antes de chegar à quarta semana.

Os cachorros contam com um sistema imunológico que gera dois grandes tipos de respostas imunológicas, a celular e a humoral. A humoral é a responsável por eliminar todos aqueles parasitas e bactérias que se encontram fora das células, enquanto a celular ataca dentro das células. A leishmaniose é uma das doenças que se desenvolvem dentro das células, de tal forma que deve ser reforçada a resposta celular do cachorro para garantir que gerará os anticorpos necessários.

 Atualmente, existe uma vacina específica para prevenir a leishmaniose, cuja função é a de reforçar a resposta imunológica celular do cão. Durante seu primeiro ano de vida ele deve receber três vacinas contra a leishmaniose com três semanas de margem entre cada uma.  O veterinário determinará quando aplicar a primeira. A partir do segundo ano, a vacina será uma por ano. É importante seguir as datas de vacinação para ter efeito. Os cachorros infectados não poderão ser vacinados.

 Existem várias formas de prevenir a leishmaniose canina, mas nenhuma delas é 100% eficiente, de modo que deve-se complementar com análises periódicas por parte do veterinário. Em caso de infecção, detectar a doença a tempo pode fazer com que o tratamento garanta uma melhor qualidade de vida para o animal.

As alterações no comportamento, apetite e sintomas físicos do animal são indícios de algum problema de saúde, que só o veterinário pode descobrir.

Bárbara Lopes
Médica veterinária
CRMV-DF 2210