Toxoplasmose

Mitos e verdades

A toxoplasmose também chamada pelo triste apelido de “doença do gato” é um mal cercado por muitos mitos quanto à sua infecção, principalmente por se acreditar que a proximidade com felinos representa um alto risco para a contração da toxoplasmose.

Essa informação equivocada, certamente é umas das grandes causas de abandono, maus tratos e preconceito em relação aos felinos principalmente entre mulheres grávidas. Entretanto, o contato com os gatos, representa ameaça praticamente nula de transmissão da toxoplasmose.

É uma doença infecciosa causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. Pode acometer tanto o homem quanto animais de companhia, de produção e silvestres. O Toxoplasma gondii possui três formas infectantes em seu ciclo de vida: oocisto, bradizoitos, contidos em cistos, e traquizoitos. É na forma de oocistos que os felinos têm sua participação.

Apesar de gatos e outros felinos serem hospedeiros definitivos (somente há reprodução dos parasitos neles), menos de um por cento da população felina dissemina a doença. E essa transmissão  só ocorre por meio das fezes dos felinos, por onde liberam os oocistos (ovos) da toxoplasmose.

Mesmo assim, esses oocistos só podem infectar uma pessoa ou animal se eles estiverem “esporulados”. O processo de esporulação só é possível se o oocisto permanecer exposto a temperaturas acima de 36ºC por no mínimo dois dias. E o mais importante: para transmitir a toxoplasmose esse oocisto deve ser ingerido.

            Sendo assim, o contato com animal, por meio de pelos e até fezes frescas são insuficientes para levar uma infecção por toxoplasmose.

            A via mais frequente da transmissão da toxoplasmose ocorre por meio da ingestão de carnes cruas ou mal cozidas, ou verduras mal lavadas. As pessoas mais sensíveis à infecção por toxoplasma são crianças abaixo de três anos e pessoas que não apresentam sorologia positiva para toxoplasmose, principalmente manipuladores de carnes e produtos cárneos crus.

            A toxoplasmose pode ser transmitida de mãe para filho durante a gravidez trazendo sérias implicações para o feto, por isso a preocupação com mulheres grávidas não ingerirem alimentos crus ou mal passados. Mas a doença não é transmitida entre uma pessoa e outra.

            Para prevenir-se da infecção por toxoplasmose, são recomendadas ações simples, como:

            -Manter boa higiene e lavar as mãos depois de manipular carnes cruas ou verduras;

            -utensílios e equipamentos que entram em contato com carne crua devem ser higienizados corretamente com água e sabão;

            -medida preventiva mais importante consiste no cozimento adequado: os cistos morrem se a carne for inteiramente submetida a uma temperatura de 65ºC e mantida nessa temperatura durante quatro a cinco minutos;

            -lavar as mãos antes de se alimentar e utilizar luvas ao lidar com terra ou areia, pois podem estar contaminadas com fezes de gatos;

            -fezes dos gatos e areia devem ser eliminadas diariamente, antes que os oocistos tenham tempo de esporular;

            -fazer limpeza periódica das caixas de areia dos gatos com água fervente para destruir oocistos eventualmente existentes;

            -parques de areia de recreação para crianças devem ser cercados de forma a evitar o acesso de gatos;

            -combater vetores mecânicos (insetos, principalmente baratas), pois eles também são responsáveis pela contaminação de produtos de origem animal e vegetal.

Importante: Não existem impedimentos para que pessoas imunossuprimidas (portadores de HIV, por exemplo) e mulheres grávidas possuam gatos desde que as medidas de prevenção citadas sejam adotadas.

Médica veterinária Bárbara Lopes – CRMV-DF 2210

Médica veterinária Bárbara Lopes – CRMV-DF 2210