Lucio Costa ao projetar a urbanização do que viria a se tornar Brasília, deixou muita área verde sobrando visando atualização do seu plano, que comumente deveria ocorrer a cada dez anos, porem, o tal tombamento da malha urbana do Plano Piloto como patrimônio histórico não permite nenhum tipo de intervenção na geometria projetada pelo nobre arquiteto.
No entanto, a cidade padece de estacionamento, vias de pedestres, ciclovias cuja concepção será motivo de criticas na próxima edição, atualmente dispomos de 120 m² de área verde por habitante no DF, comparando com outras capitais “verdes” temos:
-Goiânia-GO possui 94 m² de áreas verdes por habitante;
-A cidade de Edmonton, no Canadá, 100 m² de área verde por habitante;
-Vitória-ES possui 91 m² de área verde por habitante; e
-Curitiba-PR possui 64,5 m² de área verde por habitante.
Sendo que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde – OMS é de 12 m² por habitante.
Então, se dispusermos de metade da área verde destinada à ampliação da geometria da malha urbana ainda teríamos um bom percentual de área verde por habitante no DF, sem falar que resolveria os problemas de exiguidade de espaço para estacionamentos e vias necessárias à qualidade de vida do brasiliense.
Em alguns espaços públicos, principalmente no Plano Piloto, a regra da “intocabilidade” da geometria de calçadas e vias não estão sendo consideradas. Nas quadras residenciais das 700, tanto na asa sul quanto na asa norte. Alegando problemas de segurança pelos moradores, o governo autorizou o fechamento de áreas verdes ampliando consideravelmente os lotes privativos dessas residências, em alguns casos as passagens de pedestres foram eliminadas para dar lugar a garagens, jardins privativos, churrasqueiras, área de lazer entre outras ocupações de cunho particular.
Nas quadras comerciais das 700 da asa norte a “favelização” chegou no sentido vertical. Contando com a ineficiência da fiscalização os proprietários de imóveis comerciais que podem edificar até dois pavimentos acima do térreo estão criando coberturas sem critérios técnicos cujo resultado visual se compara as principais favelas desassistidas do nosso país.
Esta é a realidade da nossa Brasília, ocupações proibidas são realizadas com aval do Governo ou realizadas contando com a ineficiência dos órgãos fiscalizadores. Enquanto isso, Oscar Niemeyer, Lucio Costa, João Filgueiras Lima (Lelé) entre outros que Deus requisitou estão nos observando com indignação pelo que estamos permitindo fazer com suas contribuições.
Alexandre São José – Arquiteto
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